Conto Alegórico: Nico, O Valentão


Ele era um formigão famoso em todo o formigueiro, apesar deste ter algumas centenas de milhares de elementos. Seu tamanho e porte, sua cabeça enorme em forma de ampola e as mandíbulas desenvolvidas não deixavam dúvida de que pertencia à casta dos soldados e era conhecido por Nico, o valentão.

Nico era um formigão conhecido pela força e dedicação cega ao trabalho. Era um líder no seu meio. Sua  capacidade de liderança e sua cabeça fria nas horas de urgência eram características que lhe tinham valido honra e merecidamente sua palavra era tida como de grande valor. É verdade que, em muitas ocasiões tornava-se bravo e temperamental. Não aceitava contestação e se uma ordem sua não fosse obedecida rapidamente, podia acarretar sérios problemas para a formiga em causa. Mas, apesar disso era estimado, respeitado e um dos favoritos da rainha.

Certo dia, depois do trabalho árduo e cansativo guardando um carreiro de carregadeiras, o valente Nico e seu pelotão voltavam ao formigueiro desejosos de um bom descanso quando repararam que a entrada do ninho estava desprotegida. Os vigias de serviço não estavam em seus postos. Nico ficou imediatamente irritado com a falta de disciplina dos guardas da colônia. Afinal, ser soldado era um posto de importância capital para a sobrevivência do formigueiro e Nico nunca deixava que seus liderados esquecessem disso. Para ele não podia haver desculpa para tamanha falta de responsabilidade!

O formigão seguiu furioso pelos túneis até uma galeria de grandes proporções onde a grande maioria do formigueiro se encontrava reunida. Era a galeria central, onde habitava a rainha, querida e venerada. Ela ali estava, soberana e mãe da colônia com seu enorme abdomen muito desenvolvido, sinal claro da continuidade do crescimento da população local.

Ali estavam também representantes de todas as castas do formigueiro reunidas por classes. As jardineiras, que tratavam do cultivo do fungo que alimentava a colônia; as operárias, que limpavam as galerias e abriam novos túneis para o crescimento do ninho, as carregadeiras, que cortavam e transportavam tudo o que achavam para servir de provisão à colônia e os soldados que protegiam as demais.

Havia silêncio quase total. No centro das atenções estava uma pequena carregadeira que trêmula e com voz embargada falava perante a atenção de todas as demais:

_ Foi impressionante! (dizia a formiguinha emocionada) Uma experiência única que jamais esquecerei! Tinha terminado de cortar umas folhas e as estava puxando quando notei que me perdera do restante carreiro. Fiquei preocupada mas não entrei em pânico, porque já me sucedera outras vezes. De repente, a terra começou a tremer de forma rítmica e o Sol ficou tapado fazendo-se uma escuridão medonha. Uma figura enorme estava diante de mim e eu tremia toda.
Não podia vê-lo, pois ultrapassava em muito o meu campo de visão mas vi algo que parecia ser uma pequena parte dele e era gigantesco! Senti o medo tomando conta de mim e já não sabia o que fazer. Percebi que a qualquer momento seria esmagada. Não tinha dúvida de que se tratava de um homem. No entanto, percebi nitidamente que ele parou ao me ver e desviou-se propositadamente para não me matar. Senti uma enorme sensação de humildade e insignificância me invadir à medida que o homem se afastava. Senti também uma grande gratidão por ele me ter poupado a vida.

Uma enorme exclamação de admiração percorreu toda a audiência reunida e um burburinho cresceu à medida que se comentava o relato acabado de ouvir. A formiguinha, já mais contida, parecia acrescentar mais pormenores de sua aventura junto à rainha, que a ouvia cercada de sua servidoras. De repente, todas foram interrompidas em seus pensamentos pela voz forte de Nico que se elevou sobre as cabeças:

_Será possível que estamos outra vez às voltas com estas estórias sobre o homem?

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