SONETOS

Em 1999 , Pastor Joed Venturini decidiu voltar sozinho à Guiné Bissau, que estava em guerra há nove meses.

Não era possível deixar de apoiar a pequena igreja de Bafatá, que neste momento estava sem o seu pastor.
Sua filha Rebeca, com apenas 3 meses de idade, sua esposa e seu filho de 5 anos teriam que esperar até que os conflitos terminassem.

Em Lisboa, e mais tarde na Guiné passou 4 meses de solidão. Foi neste tempo que escreveu uma série de sonetos que ficariam marcados pela dor e pela saudade de sua eterna namorada, Ida.

SONETO 1

SONETO 3

Amar é ver flores no outono
No verão ficar gelado
Na primavera desfolhar
No inverno ser inflamado


É ver o que os outros não vêem
Sentir muito além do coração
É dar a vida por perdida
Se não te puder cantar uma canção


Amar é o alvo sublime da criação
É alcançar a doce plenitude
É o culminar de toda virtude


Amar é mais que dor, que obsessão
É mais que a vida, ultrapassa a razão
Amar-te é viver, o resto, é ilusão

Joed Venturini
Lisboa, 14 de Abril de 1999

SONETO 4

Você é tão mais que meu pensamento
Tão superior à imaginação
Que já não perco um momento
Em devaneios do coração


Melhor é ter-te real
Do que mil vezes em sonho
Sonhar só, seria banal
Comparado a Ti é enfadonho


Num mundo feito de fantasia
Não te iria encontrar
Ficaria a alma vazia

Pois tu és vida, calor, verdade
E é por isso que, longe de ti
Morro aos poucos, de saudade

Joed Venturini
Lisboa 15 de Abril de 1999

SONETO 5

                                               

Pode a Chuva deixar de cair lá do céu

Pode o sol esfriar, se cobrir com um véu

Pode a lua parar de à noite brilhar
Eu jamais deixarei, meu amor, de te amar


Podem as estações já não mais existir
E os rios deixar de ao mar ir fluir
Pode a fé acabar e cessar a razão
Por ti sempre há de bater o meu coração


Pode o tempo passar e a idade vencer
Tanta coisa mudar ou mesmo já não ser
Minha alma eu sei essa não mudará
O meu amor por ti jamais acabará

Joed Venturini
Lisboa, 15 de abril de 1999

SONETO 6

Você não é Sereia
Mas me perdi no teu mar
E não é fada
Mas soube me encantar

Você não é rainha
Mas me governa o coração
E não sendo fantasia
Não deixa de ser ilusão

Você não é de filme
Mas sempre me comoveu
Desde o primeiro olhar
Minha alma submeteu

Você é apenas princesa
Do meu devoto amor
Mas enquanto viver
Não haverá superior

Joed Venturini
Lisboa, 16 de Abril de 1999

SONETO 8

Pela força de te querer

Me sinto fraco, incapaz

De nada serviria o poder

Se a alma não satisfaz

É que não se ama por obrigação

Num decreto de governante

O que manda no coração
Não tem a alma por mandante

Se é tão difícil vislumbrar
As causas de uma paixão
Bem aventurado vou me achar

Pois sem motivo visível
Me deste teu coração
Oh prazer indizível.

Joed Venturini
Lisboa 17 de Abril de 1999

SONETO 9 
NOSSO AMOR

No tocar a intimidade
No te ver paixão
No olhar cumplicidade
No querer a emoção


Sozinhos em companhia
Unidos tão docemente
No silêncio a sinfonia
De amar tão ternamente


Ligados no coração
Convergentes na alma
Num entrelaçar de mão
Numa noite fria e calma


E nosso amor nasceu
De uma fonte Divinal
E dela tanto bebeu
Que se tornou perenal


Joed Venturini
Lisboa, 16 de Abril de 1999

  SONETO 10

Longe de ti, eu já não sei viver
Sem teu amor, já não posso existir
Sem tua luz, eu vou logo murchar
É teu calor que me faz renovar!


Longe de ti, eu não tenho razão
Se apaga em mim toda e cada emoção
Pois é você, toda a vida pra mim
E sem você a saudade é sem fim!


Mas vejo uma luz a raiar!
Você chegando me envolve com o seu olhar
A vida brota em meu coração
Pois tu chegaste e és a minha canção!

Joed Venturini
Bafatá, 8 de maior de 1999