(Conto baseado em história real)
_ Ninguém fala mal da minha mãe! (gritou o garoto mirando o oponente com raiva nos olhos)_ Pois, eu repito o que disse! (reiterou o outro rindo)
Maldita e pejorativa a frase se escapuliu de seus lábios qual cuspidela fétida de tuberculose terminal, levantando uma onda de risos e provocações do bando reunido.
O grandalhão, bem uns 15 anos, braços de homem acostumado ao trabalho pesado limitou-se a se desviar ligeiramente e aproveitar o embalo do garoto para o projetar sobre o chão de cascalho. A patota riu alto, divertida. As provocações e gargalhadas cresciam de tom à medida que o desastre era mais evidente.
Levantando-se a custo, com os braços ralados e ardendo e as calças já rasgadas a criança não se conteve.  No seu rosto lia-se um misto de medo, susto, indignação e ódio.   Não aceitaria aquela situação enquanto ainda tivesse um pouco de dignidade.  Tentou novo assalto.  Desta vez foi mais moderado e cuidadoso.  O chão de pedrinhas e alcatrão não era nada convidativo. O resultado foi tão mal ou pior do que o anterior. O saldo foi um olho negro e toda a turma o rodeando com insultos. Ele se deixou ficar no chão chorando baixinho, derrotado, humilhado, destruído.
Aquela tinha sido a vingança covarde dos que não podiam competir com ele na sala de aula. Desde que chegara ali, não se limitara a ser estrangeiro, o “russinho”, o protestante. Era também o melhor aluno em tudo, querido e admirado dos professores, bajulado dos pais, bem visto pelas meninas. Estas coisas se pagam caro aos 10 anos. E o carrasco fora bem escolhido.
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